Por Cleyton Vilarino -educacao@eband.com.br
Estudantes do curso de obstetrícia da USP (Universidade de São Paulo) Leste realizaram um protesto na manhã deste sábado no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Com cartazes e um abaixo-assinado, eles pediam que o curso seja mantido pela instituição. Está prevista uma fusão da disciplina com a de enfermagem e não haverá mais vestibular para o curso. Parteiras, mães e ONGs também estiveram presentes.A USP divulgou na semana passada um estudo encomendado pela reitoria que apontou a necessidade de diminuir vagas na USP-Leste. Criado em conjunto com sete professores, cinco do campus da zona leste, um da Escola de Comunicações e Artes sob coordenação do ex-reitor Prof Adolpho José Melfi, o documento causou polêmica ao propor a fusão entre os dois cursos - acabando de vez com o de obstetrícia.
De acordo com o documento, a escola foi desenvolvido para comportar até 50 alunos por sala de aula e hoje comporta até 70 alunos por causa das repetências. Ainda segundo o documento, em muitos casos foi necessário a abertura de turmas extras para aliviar as salas. “Esta é, certamente, uma das causas para as frequentes queixas de superlotação de salas que alguns colegas reportaram. Assim sendo, a USP sugere uma redução geral de 10 vagas para todos os cursos, que passariam a funcionar com 50 vagas”, destaca o documento.
Seriam cortadas 30 vagas em ciências da atividade física; 40 em gestão ambiental; dez em gerontologia; 20 em gestão de políticas públicas; 80 em licenciatura de ciências da natureza; 20 em lazer e turismo; 20 em marketing; 30 em sistema de informação, 20 em têxtil e moda e, por fim, a junção dos cursos de obstetrícia e enfermagem.
Pelas mudanças, não haverá mais vestibular para o curso de obstetrícia. Foto: Caio Buni/Futura Press |
Protestos
O fechamento de vagas gerou reação dos estudantes, sobretudo dos alunos de obstetrícia. Na última terça-feira, dia 22, elea já haviam realizado uma manifestação em frente à reitoria da USP exigindo a continuidade do curso. Também foi criada a Associação Obstetrícia da USP e, na quinta-feira, uma audiência pública foi convocada para que o reitor, João Grandino Rodas, pudesse explicar as últimas medidas tomadas na universidade.
De acordo com a representante da Associação, Marina Barreto Alvarenga, a permanência do curso é uma questão de saúde pública e da mulher. “Gravidez não é doença. Quando uma mulher está grávida, ela não procura um médico”, defendeu durante a audiência na Assembléia Legislativa. “Nossa reivindicação é também pela a saúde da mulher”.
Histórico
A graduação em obstetrícia tem gerado problemas para os alunos e formandos desde a sua primeira turma. Devido a um desentendimento com o Coren (Conselho Regional de Enfermagem), os alunos formados no curso de obstetrícia não conseguem ingressar no mercado de trabalho.
O Coren se nega a reconhecer a graduação de obstetrícia, pois só aceita formação de enfermeiro-obstetra. De acordo com o órgão, os alunos do curso da EACH não possuem formação em enfermagem para conseguir o registro no Conselho.
Mariane Menezes foi um desses casos. Assim que se formou, tentou prestar concurso para a rede estadual de saúde e, após passar em terceiro lugar, foi impedida de tomar posse do cargo. “Foi uma frustração muito grande. A gente se forma com aquela vontade de fazer melhor”, lamenta Mariane se referindo á qualidade da Saúde Pública no país.
Os estudantes prometem continuar os protestos nos próximos dias.
http://www.band.com.br/jornalismo/educacao/conteudo.asp?ID=100000414369
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