O Brasil Precisa de Obstetrizes

quarta-feira, 13 de abril de 2011

I HAVE A DREAM EU TENHO UM SONHO

Poema criado por uma aluna do curso de Obstetrícia da USP e lido durante uma da manifestações.

Numa determinada época da história, um negro protestante desafiou uma nação opressora em prol de muitos outros negros que eram marginalizados, tenho seus direitos civis violados pelas autoridades.
Este homem foi Martin Luther King, que não titubeou em momento algum e levantou a voz diante da injustiça em defesa de sua classe e seus ideais dizendo “I Have a Dream”, “Eu tenho um Sonho”, o sonho de ver uma sociedade justa e igualitária.
E nas palavras dele eu me inspiro para dizer:
Minhas amigas (os), embora enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã:
Eu tenho um Sonho...
Que um dia este país viverá o verdadeiro significado da democracia.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia este país deixará de ter taxas abusivas de cesáreas desnecessárias.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia a lei do acompanhante saíra do papel e será respeitada seja no SUS como na Saúde privada.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia os pais deixarão de serem apenas visita em nossas maternidades, e a presença dos homens passará a ser fundamental em todo o processo gestacional.
Eu tenho um Sonho...
Que a mortalidade materna e infantil provocadas por uma assistência obstétrica precária terá fim.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia não haveremos mais de humanizar a assistência às mulheres, pois isto será a norma e não a exceção.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia as mulheres poderão parir onde, como e com quem quiserem.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia esta Universidade defenderá o nosso curso.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia nossas autoridades lutarão pelos nossos interesses e não em causa própria.
Eu tenho um Sonho...
Que um dia as(os) obstetrizes formados neste curso deixarão de ser marginalizados e expulsos de seus locais de trabalho, mas serão reconhecidos por lutarem não em causa própria, mas em favor da causa se cada mulher que tem o direito de ter uma assistência de qualidade e de gestar e parir dignamente!
Eu tenho um Sonho...
Que um dia esta universidade, esta cidade e este país reconhecerão a dedicação e empenho dos docentes, alunos e obstetrizes formados neste curso para mudança da qualidade da assistência a gestação, parto e pós-parto dada as mulheres desta nação!


JULIANA FERREIRA
4º ANO DE OBSTERÍCIA
ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Fez Deus bem as parteiras” Ex 1:20

terça-feira, 12 de abril de 2011

Decisão da USP Leste foi vitória do movimento estudantil

http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/decisao+da+usp+leste+foi+vitoria+do+movimento+estudantil/c1300049198330.html

Diante do risco do fechamento de vagas, alunos se organizaram rápido, protestaram, procuraram autoridades e conseguiram mantê-las

É hora de comemorar. A organização dos alunos da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (Each/USP Leste) depois do vazamento do relatório que aconselhava que a unidade cortasse 330 vagas de seus 10 cursos fez com que a idéia fosse deixada de lado pelo menos no próximo vestibular.

A USP sempre teve muita dificuldade para entender o significado de publicidade, um dos princípios que devem reger a administração pública, conforme prevê a nossa Constituição. Para a USP, ou ao menos para a sua reitoria, publicidade é informar a sociedade depois que as ações já estão efetivadas. Filio-me à visão de publicidade de Chico de Oliveira. Para o sociólogo, “dar publicidade” é tornar cada ato do governo o mais público possível. Isto inclui maximizar a possibilidade de participação do público (da sociedade).
Para maximizar a possibilidade de participação da sociedade, por exemplo, nas decisões da USP, é necessário que a sociedade saiba o que acontece em todas as fases de seus processos de decisão. A participação da sociedade é quase nula na USP. E sua reitoria acredita, realmente, que seus assuntos são internos, que não devem ser expostos ao povo, e menos ainda discutidos por ele.
O relatório Melphi, que propunha os cortes de vagas, vazou e chegou à sociedade através da equipe do IG Educação. Desde o primeiro momento, os dirigentes da USP insistiram que se tratava de assunto interno, como se a imprensa tivesse cometendo um crime em colocá-lo na pauta pública. Não estranho, o clima de medo entre professores e funcionários da Each/USP, muitos desinformados sobre o assunto.
Conversamos com alguns sobre o assunto e percebemos que a administração do diretor da Each (USP Leste) tensionava o clima e inibia a participação. Chegou-se ao ridículo de propor processos administrativos para militantes estudantis por causa de festas com cerveja. Claramente, desloca as discussões centrais, acua a crítica, esconde o dissenso e joga para a platéia.
Mesmo assim, tamanho era o absurdo do relatório, que sua comunidade de alunos não tolerou. Desde a publicação da notícia, ela fez de tudo para impedir que seu conteúdo se tornasse realidade. Os alunos fizeram manifestações, procuraram deputados, escreveram artigos, promoveram debates, criaram páginas na internet, propuseram soluções e chegaram até o governador do Estado.
O sucesso nas lutas estudantis não são frequentes. Em geral, são conquistadas em um espaço de tempo longo, sobretudo para uma geração que está em contato com a velocidade da Internet e das redes sociais. Por causa disto, muitos fogem da militância, não vendo nela nenhuma utilidade prática. Neste caso, tudo foi diferente. A rapidez dos alunos fez com que a questão fosse resolvida enquanto ainda era assunto da imprensa. E as ações, rápidas e em rede, fizeram com que o assunto se mantivesse na imprensa mais do que o tempo "útil" de uma notícia.
A melhor classificação para o movimento talvez seja a de um dirigente da USP que esteve na Assembléia Legislativa para tentar explicar o inexplicável. Foi um "Tsunami", de força avassaladora, que mesmo João Grandino Rodas, o reitor mais polêmico e com o projeto mais excludente que esta universidade teve nos últimos tempos, não teve coragem de enfrentá-lo.
Fica, a cada aluno que se mobilizou para impedir o corte de vagas e o fechamento de turmas, o reconhecimento e o sentimento de gratidão de parte da sociedade paulista. Aos que choraram assim que receberam a notícia de que seu curso seria fechado, e ligaram para pais, amigos e familiares, aos que procuraram as autoridades políticas, aos que forçaram o diálogo com a unidade e com universidade, aos que protestaram, aos que criaram e difundiram páginas e listas de assinaturas na Internet e aos que fincaram os pés na Comissão de Graduação, esta, cheia de insinuações de que a decisão deveria ser técnica e de que os alunos não deveriam "meter o bedelho".
A ação destes alunos da USP garantiu que alguns milhares de estudantes possam cursar a USP Leste nos próximos anos. Se ela impedir que o Rodas continue com sua política de acabar com os cursos de menor demanda, garantiu o futuro de dezenas de milhares. E se - tomara que sim - sensibilizou o governador para a necessidade de implantar uma política que amplie vagas nas três universidades estaduais, no mínimo na mesma proporção que cresce seus orçamentos, terá beneficiado centenas de milhares só nos próximos quinze anos. Vitoria! Vitoria!! Vitoria!!!

domingo, 10 de abril de 2011

USP Leste e o curso de obstetrícia

Desde que formou suas primeiras turmas de graduação, a partir de 2010, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) - a USP Leste - vem enfrentando problemas com alguns cursos de caráter interdisciplinar, destinados a acompanhar a crescente diversificação das profissões. O caso mais grave é o do curso de obstetrícia, cujos formandos só estão conseguindo obter registro profissional por meio de liminares judiciais.
Criado em 2005, o curso é o único do País na área. Com duas turmas já formadas, ele oferece 330 vagas, tem duração de quatro anos e meio e forma especialistas capazes de "cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares". Mas, desde 2008, o Conselho Regional de Enfermagem se recusa a reconhecê-lo.
Nos últimos três anos, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou vários pareceres contrários à concessão de registro profissional para os obstetras formados pela EACH. A última manifestação da entidade ocorreu na semana passada. Segundo ela, a obstetrícia não é uma atividade profissional regulada por lei. O único dispositivo legal que estabelecia diretrizes para a profissão de "obstetriz" (sic) foi revogado há vários anos.
Por isso, os formandos de obstetrícia da USP Leste estão num limbo jurídico. Apesar de diplomados, não conseguem registro na área de sua formação, uma vez que, por falta de lei específica, não há um Conselho Federal de Obstetrícia. Por outro lado, a entidade mais próxima de seu campo de especialização - o Cofen - alega que o currículo da USP Leste não dedicou a necessária carga horária à enfermagem. Para o Cofen, os obstetras da USP Leste carecem de "formação completa". Já para os alunos, o curso os prepara para lidar não só com partos, "mas, também e igualmente, com processos emocionais, sociais, culturais e espirituais para um mundo melhor".
Dentro da USP, os órgãos colegiados começaram a debater uma ampla reforma curricular na EACH, para que ela possa "atender às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade". Nos escalões superiores da maior universidade brasileira, a ideia que vai predominando é a de incorporar a graduação em obstetrícia ao curso de enfermagem, sob a justificativa de que as duas áreas do conhecimento são convergentes. Alunos e professores de obstetrícia classificam a proposta como "saída covarde", acusando a cúpula da USP de ceder às pressões corporativas do Cofen. E, na EACH, a comissão de graduação decidiu manter as vagas previstas para obstetrícia no próximo vestibular.
"Se formos diluídos na enfermagem, não conseguiremos construir um campo de conhecimento próprio", diz a coordenadora do curso de obstetrícia, Nádia Narchi. Depois de várias passeatas para protestar contra uma eventual fusão, alunos e professores conseguiram o apoio do governador Geraldo Alckmin. Embora a direção da USP tenha distribuído nota alegando que a lei confere aos órgãos colegiados autonomia para fazer "a avaliação permanente da graduação" e que a revisão curricular dos cursos da EACH é um "processo natural", Alckmin afirmou que "a modernidade exige equipes multiprofissionais" e que, em matéria de saúde, nem tudo precisa ser feito por médicos. "Sou favorável à manutenção do curso", diz ele.
Esse embate revela os problemas que as universidades de ponta têm de enfrentar para se modernizar, criando cursos interdisciplinares. Os conselhos corporativos têm razão quando alegam que não podem conceder indiscriminadamente registros profissionais. Alunos e docentes de obstetrícia da EACH também estão certos quando afirmam que, se a USP puder oferecer somente cursos que os conselhos reconhecem, ela não conseguirá alargar as fronteiras do conhecimento e atender ao mercado de trabalho. O impasse não pode ser superado nem por critérios corporativos nem por injunções políticas. A solução deve sair de um amplo debate, no qual devem prevalecer as duas principais marcas da USP - a preocupação com o princípio do mérito e a prioridade para as transformações da tecnologia.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110410/not_imp704191,0.php

Comissão decide manter as vagas da USP Leste no vestibular 2012

Proposta de corte de 330 vagas foi rejeitada em reunião da EACH-USP.
Definição depende ainda de aprovação do Conselho da universidade.

do G1, em São Paulo
Protesto de alunas da USP Leste (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Protesto de alunas da USP Leste (Foto: Juliana
Cardilli/G1)
A Comissão de Graduação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) decidiu manter as 1.020 vagas oferecidas no vestibular 2012, assim como dar prosseguimento ao curso de obstetrícia da maneira como ele se encontra. Uma reunião encerrada na noite desta quinta-feira (7) concluiu que a universidade deverá seguir com a atual distribuição que existe entre os cursos. Não haverá remanejamento de vagas.
A decisão da comissão formada por docentes da EACH-USP agora será avaliada pela Congregação da USP Leste, órgão deliberativo superior da unidade. Esta, por sua vez, terá de encaminhar o documento para o Conselho de Graduação da USP, que dará a palavra final.
Ficou decidido também que a EACH-USP vai elaborar um documento em resposta ao relatório elaborado por um grupo de trabalho que cuida de revisão e remanejamento de vagas. O relatório, assinado pelo ex-reitor da USP, Adolpho Jose Melfi, concluiu que a USP Leste deveria fechar 330 das 1.050 vagas oferecidas no vestibular, e que o curso de obstetrícia (o único no país) deveria se fundir com o de enfermagem.
Cada comissão de coordenação de curso vai levantar os problemas de cada curso e vão analisar o que é possível mudar e o que não cabe de mudança na USP Leste. O curso de obstetrícia permanece para o vestibular de 2012 com o mesmo projeto político-pedagógico. Seguem as discussões com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Os órgãos não reconhecem a formação dos egressos de obstetrícia. A direção da EACH-USP propôs projeto para uma regulamentação específica para a carreira de obstetrícia.
O resultado da reunião foi muito comemorado por mais de 300 alunos que lotaram o auditório da USP Leste. Desde a divulgação do estudo que propunha a redução de vagas, estudantes do curso de obstetrícia promovem uma série de protestos contra o fechamento das vagas e a fusão com enfermagem.
Na segunda-feira (4), o diretor da EACH-USP, Jorge Boueri, garantiu em uma reunião com deputados estaduais a manutenção das 1.020 vagas da unidade e promoteu lutar pela permanência do curso de obstetrícia. Os formandos neste curso precisam de um certificado do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) para exercer a profissão. O Cofen, por sua vez, não reconhece a formação dos egressos de obstetrícia.

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/04/comissao-decide-manter-vagas-da-usp-leste-no-vestibular-2012.html

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Filha de Ana Maria Braga relata como foi dar à luz em casa, sem uso de anestesiaDar à luz em casa, ao lado da família, e sem anestesia. Foi assim que Mariana Maffei Feola, de 28 anos, filha da apresentadora Ana Maria Braga, escolheu trazer a pequena Joana ao mundo, no último dia 3 de fevereiro, em São Paulo. A menina é fruto do casamento de Mariana com o corretor de imóveis Paschoal Feola, de 32. “Optei pelo parto em casa, sem intervenção médica. É uma experiência mágica para quem pode. Até porque, não é uma modalidade de parto para toda gestante. Existe todo um preparo psicológico e a gravidez deve ser de baixíssimo risco, como foi a minha”, contou Mariana ao UOL. Durante o trabalho de parto, que começou no dia anterior, a filha de Ana Maria Braga contou com a ajuda das parteiras Márcia Koiffman e Priscila Colacciopo e da doula Marcelly Ribeiro. Mariana explicou como funciona o trabalho da doula, que é uma assistente que dá apoio emocional à parturiente: “Fazia aulas de ioga com a Marcelly duas vezes por semana. No dia do parto, liguei para ela assim que a contração ficou mais forte. Durante o trabalho de parto, ela fez massagens na minha lombar e me indicou posturas para quando viessem as contrações”. * Arquivo pessoal Joana toma banho em um balde após nascer (3/2/2011) Para Mariana, além do auxílio das profissionais, foi ótimo ela ter se preparado psicológica e fisicamente no decorrer da gestação. “A preparação é importantíssima. Foi fundamental eu ter feito ioga. Fiquei mais saudável. E tem toda a questão da respiração que a ioga proporciona. Porque o parto natural é basicamente respirar profundamente”, explicou Mariana, admitindo que, apesar de ser calma, teve alguns momentos de descontrole durante o trabalho de parto. “Gritei, xinguei (risos). É uma prova de resistência. Tem horas em que a dor vai embora, mas depois volta. Você não sabe quando vai nascer”, contou. Mariana contou que, assim que começou a ter as primeiras contrações, chegou a ficar dentro de uma banheira. “Mas depois quis sair”, disse ela, lembrando que embora o trabalho de parto tenha durado a noite inteira, Joana nasceu rápido. “O período expulsivo foi muito rápido. Não tive nenhuma laceração no períneo. Foi fantástico”, afirmou ela, dizendo que no parto domiciliar, se necessário, há tempo de a parturiente ser removida para um hospital próximo. “É transformador segurar seu neném diretamente, na paz da sua casa”, elogiou. Após dar à luz Joana, Mariana contou que logo a amamentou. “A Joana mamou, tomou um banho de balde e foi acalmando. Depois também tomei banho”, acrescentou. A filha de Ana Maria Braga disse que ela e o marido quiseram plantar a placenta no quintal de sua casa. “Plantamos a placenta debaixo de uma ameixeira”, afirmou Mariana, que só disse à mãe que havia dado à luz depois do parto. “Avisei a meus pais só depois que a Joana nasceu. Minha mãe estava fora do Brasil, só chegou um dia depois. Foi uma explosão de alegria”, contou. Cocô no potinho Além de ter optado pelo parto domiciliar, Mariana também escolheu ter cuidados especiais com a pequena Joana. “Descobri umas fraldas de pano modernas, daquelas com calças plásticas acopladas, e resolvi usá-las na Joana. Achei legal a ideia de não usar fraldas descartáveis”, contou ela, que encomendou várias para a neném no exterior. O período expulsivo foi muito rápido. Não tive nenhuma laceração no períneo. Foi fantástico. É transformador segurar seu neném diretamente, na paz da sua casa Mariana Maffei, filha de Ana Maria Braga Na segunda semana de vida de Joana, contudo, Mariana disse que ela apareceu com uma assadura. “Estava muito quente e apareceram umas bolinhas nela. Então comecei a pesquisar o que poderia fazer para evitar isso e descobri a ‘evacuation communication’, que é a comunicação da evacuação. Ela é praticada de recém-nascido até a idade de 36 meses, quando a criança começa o treino para fazer xixi e cocô”, explicou ela, que, desde então, não usa mais fraldas em Joana. Mariana explicou que, quando está em casa, a neném fica o tempo inteiro sem fralda. “Eu a coloco para evacuar no potinho. E o xixi ela acorda e faz. Às vezes acontece de ela fazer xixi quando está tirando uma soneca. Mas ela nunca fica molhada”, garantiu Mariana, que também optou pela amamentação exclusiva até Joana completar seis meses de idade. A filha de Ana Maria Braga também contou que tem usado roupinhas que foram dela quando nasceu. “Quando estava com sete meses de gravidez, no Natal, minha mãe me deu uma malinha com várias roupas que foram minhas: a primeira roupinha da maternidade, casaquinhos, cueiros, sapatinhos. Uma coisa linda!”, declarou.

Dar à luz em casa, ao lado da família, e sem anestesia. Foi assim que Mariana Maffei Feola, de 28 anos, filha da apresentadora Ana Maria Braga, escolheu trazer a pequena Joana ao mundo, no último dia 3 de fevereiro, em São Paulo. A menina é fruto do casamento de Mariana com o corretor de imóveis Paschoal Feola, de 32. “Optei pelo parto em casa, sem intervenção médica. É uma experiência mágica para quem pode. Até porque, não é uma modalidade de parto para toda gestante. Existe todo um preparo psicológico e a gravidez deve ser de baixíssimo risco, como foi a minha”, contou Mariana ao UOL.
Durante o trabalho de parto, que começou no dia anterior, a filha de Ana Maria Braga contou com a ajuda das parteiras Márcia Koiffman e Priscila Colacciopo e da doula Marcelly Ribeiro. Mariana explicou como funciona o trabalho da doula, que é uma assistente que dá apoio emocional à parturiente: “Fazia aulas de ioga com a Marcelly duas vezes por semana. No dia do parto, liguei para ela assim que a contração ficou mais forte. Durante o trabalho de parto, ela fez massagens na minha lombar e me indicou posturas para quando viessem as contrações”.
  • Arquivo pessoal Joana toma banho em um balde após nascer (3/2/2011)
Para Mariana, além do auxílio das profissionais, foi ótimo ela ter se preparado psicológica e fisicamente no decorrer da gestação. “A preparação é importantíssima. Foi fundamental eu ter feito ioga. Fiquei mais saudável. E tem toda a questão da respiração que a ioga proporciona. Porque o parto natural é basicamente respirar profundamente”, explicou Mariana, admitindo que, apesar de ser calma, teve alguns momentos de descontrole durante o trabalho de parto. “Gritei, xinguei (risos). É uma prova de resistência. Tem horas em que a dor vai embora, mas depois volta. Você não sabe quando vai nascer”, contou.
Mariana contou que, assim que começou a ter as primeiras contrações, chegou a ficar dentro de uma banheira. “Mas depois quis sair”, disse ela, lembrando que embora o trabalho de parto tenha durado a noite inteira, Joana nasceu rápido. “O período expulsivo foi muito rápido. Não tive nenhuma laceração no períneo. Foi fantástico”, afirmou ela, dizendo que no parto domiciliar, se necessário, há tempo de a parturiente ser removida para um hospital próximo. “É transformador segurar seu neném diretamente, na paz da sua casa”, elogiou.
Após dar à luz Joana, Mariana contou que logo a amamentou. “A Joana mamou, tomou um banho de balde e foi acalmando. Depois também tomei banho”, acrescentou. A filha de Ana Maria Braga disse que ela e o marido quiseram plantar a placenta no quintal de sua casa. “Plantamos a placenta debaixo de uma ameixeira”, afirmou Mariana, que só disse à mãe que havia dado à luz depois do parto. “Avisei a meus pais só depois que a Joana nasceu. Minha mãe estava fora do Brasil, só chegou um dia depois. Foi uma explosão de alegria”, contou.
Cocô no potinho
Além de ter optado pelo parto domiciliar, Mariana também escolheu ter cuidados especiais com a pequena Joana. “Descobri umas fraldas de pano modernas, daquelas com calças plásticas acopladas, e resolvi usá-las na Joana. Achei legal a ideia de não usar fraldas descartáveis”, contou ela, que encomendou várias para a neném no exterior.
Na segunda semana de vida de Joana, contudo, Mariana disse que ela apareceu com uma assadura. “Estava muito quente e apareceram umas bolinhas nela. Então comecei a pesquisar o que poderia fazer para evitar isso e descobri a ‘evacuation communication’, que é a comunicação da evacuação. Ela é praticada de recém-nascido até a idade de 36 meses, quando a criança começa o treino para fazer xixi e cocô”, explicou ela, que, desde então, não usa mais fraldas em Joana.
Mariana explicou que, quando está em casa, a neném fica o tempo inteiro sem fralda. “Eu a coloco para evacuar no potinho. E o xixi ela acorda e faz. Às vezes acontece de ela fazer xixi quando está tirando uma soneca. Mas ela nunca fica molhada”, garantiu Mariana, que também optou pela amamentação exclusiva até Joana completar seis meses de idade.
A filha de Ana Maria Braga também contou que tem usado roupinhas que foram dela quando nasceu. “Quando estava com sete meses de gravidez, no Natal, minha mãe me deu uma malinha com várias roupas que foram minhas: a primeira roupinha da maternidade, casaquinhos, cueiros, sapatinhos. Uma coisa linda!”, declarou.

http://celebridades.uol.com.br/ultnot/2011/04/06/filha-de-ana-maria-braga-fala-sobre-os-beneficios-do-parto-domiciliar.jhtm

sábado, 2 de abril de 2011

Dor de parto é ironizada nas maternidades

Pesquisa mostra que 23% das mulheres sentiram-se humilhadas na hora de dar à luz
Fernanda Aranda, iG São Paulo | 24/02/2011 20:03
Um sintoma considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos sinais vitais do paciente é ironizado pelas equipes médicas que atuam nas maternidades do País.
Pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Sesc, entrevistou 2.365 mulheres de todo território nacional e identificou os maus tratos sofridos pelas gestantes na hora do parto.
Entre as grávidas pesquisadas, 23% afirmaram ter sofrido humilhações no momento de dar à luz. Estas sensações foram vivenciadas por meio das frases ditas por médicos e enfermeiros sobre a dor enfrentada por elas durante as contrações e na hora de parir.
Os achados divulgados nesta quinta-feira, dia 24, indicam que 15% das grávidas participantes do estudo ouviram a frase “não chora não que no ano que vem você está aqui de novo”. Além desta, 14% das gestantes ainda tiveram que engolir a seco o questionamento “na hora de fazer não chorou. Não chamou a mamãe, por que está chorando agora?”. Os maus tratos contra as grávidas também foram expressados pela sentença ouvida por 6% delas: “se gritar, eu paro que estou fazendo. Não vou te atender. Por fim, conforme mostra a pesquisa, 5% das futuras mães ouviram a frase “se ficar gritando, vai fazer mal para o seu neném. Seu neném vai nascer surdo.”
Grávida de sete meses, a anestesiologista expert em dor, Fabíola Peixoto Minson, "ficou arrepiada" só de ouvir os dados do levantamento. Médica coordenadora da Sociedade Brasileira de Estudos para Dor, do Centro Integrado de Estudos da Dor e do Grupo de Dor do Hospital Albert Einstein, ela lamenta que parte dos profissionais de saúde ainda esteja desprepara e subvaloriza um sintoma tão importante como a dor.
Leia a entrevista a seguir
iG: Os dados desta pesquisa podem ser interpretados de que forma?
Fabíola: Sabemos que a dor faz parte do parto, mas isso não significa que ela tem de ser considerada normal pela equipe médica. De forma nenhuma a dor deve ser subvalorizada ou negligenciada. Pelo contrário. Existe uma série de mecanismos para aliviá-la que deveriam ser adotados em um momento tão especial como o parto.
iG: Esta forma de encarar a dor das pacientes pode acarretar que tipo de consequência?
Fabíola: Os problemas são muitos. Ansiedade, depressão, sem contar que o paciente sente-se desacreditado. Por isso é tão importante que as equipes sejam capacitadas para acolher as pessoas com dor. Para a dor existir basta que o paciente a sinta. O profissional de saúde deve acolher este sintoma e nunca julgá-lo.
iG: O Brasil vive hoje uma epidemia de partos cesáreas, segundo classifica o próprio Conselho Federal de Medicina. Além da postura de alguns obstetras, que muitas vezes conduzem a futura mãe para um parto com hora marcada, as mulheres afirmam que o medo da dor também afasta esta oportunidade. É possível tratar a dor do parto normal?
Fabíola: Sim, as possibilidades são muitas. Existem técnicas de relaxamento, de respiração e de massagem que contribuem para este fim. Além disso, a própria analgesia contribui para o alívio da dor, feita de forma individual. Muitas mulheres acreditam que parto normal não pode ter anestesia. Isto é um mito.
iG: Os dados do estudo sugerem que a dor do parto é encarada como frescura ou fraqueza. O que dizer para as pessoas que enxergam a dor desta forma?
Fabíola: A dor é um limiar que precisa ser respeitado, já que é considerada o 5º sinal vital do paciente. Da mesma forma que a respiração é monitorada constantemente, a pressão arterial sempre é checada, a dor do paciente, uma sensação individual, tem de ser monitorada. A compreensão é só o ponto de partida, já que este é um sinal físico e emocional. Normalmente quem subvaloriza a dor, quando enfrenta uma, muda de postura. 

Dilma defende parto normal e diz que tem 'compromisso' com o SUS

Presidenta participou de lançamento de programa de assistência às grávidas em Belo Horizonte, em Minas Gerais
Denise Motta, iG Minas Gerais | 28/03/2011 15:42 
A presidenta Dilma Rousseff (PT) defendeu o parto normal nesta segunda-feira em Belo Horizonte, durante solenidade de lançamento da Rede Cegonha, programa de assistência às grávidas. “Faz diferença fazer cesariana porque paga mais e fazer parto normal, porque é melhor para a mãe e a criança”, discursou Dilma.
A presidenta ainda comprometeu-se em transformar o Sistema Único de Saúde (SUS) em um serviço de alta qualidade, o que representaria um “passaporte para o futuro” para o País. De acordo com ela, a desigualdade é mais perversa na área da saúde e seu governo não irá compactuar com a miséria e a pobreza. “Esse compromisso não renunciarei. Precisamos que o SUS funcione”.
Dilma também destacou as críticas que recebe servem para fazer seu governo evoluir. “Aqueles que acham que atingiram um mundo perfeito nunca melhoram”.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em discurso, lembrou que entre os desafios da gestão Dilma está a diminuição da violência no atendimento do SUS. Padilha disse que pesquisa indica que 27% das grávidas relatam este problema
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), passou por uma saia justa durante o lançamento do programa Rede Cegonha. Ele estava sentado ao lado da presidenta quando foi chamado para discursar. Servidores públicos vaiaram o tucano e também se manifestaram com gritos quando o governador disse, no discurso, que sua mãe é professora pública do Estado.
Servidores públicos presentes no auditório do Grande Teatro, local do evento, tentaram interromper também o ministro Alexandre Padilha durante seu discurso a respeito do Rede Cegonha. O funcionalismo pede melhorias nas condições de trabalho. “Mulher que cuida também precisa de cuidado”, gritou uma mulher na plateia.
No ano passado, o funcionalismo público mineiro fez diversas manifestações por reajustes salariais e melhorias nas condições de trabalho. Durante a campanha eleitoral, o tucano prometeu rever a situação, mas até agora nenhuma medida foi anunciada. Delegados de Minas fazem manifestações hoje em Belo Horizonte por melhorias nos salários e nas condições de trabalho.
Participam do evento, além de Dilma, Padilha e Anastasia, a ministra-chefe da secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, a secretária especial das Mulheres, Iriny Lopes, e o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), e cerca de 30 deputados federais e estaduais de Minas ocuparam o palco. Nenhum dos senadores de Minas (Aécio Neves - PSDB, Itamar Franco - PPS, Clésio Andrade - PR) compareceu ao evento.
Protesto no aeroporto
Dilma desembarcou na base aérea da Pampulha por volta de 11h e foi recepcionada pelo governador, prefeito da capital e deputados. Chamou atenção uma faixa na qual se lia: “Dilma: Minas merece respeito. Newton Cardoso”. Cardoso atualmente é deputado federal pelo PMDB e já foi governador de Minas. O iG entrou em contato com ele, que negou autoria.
“Estou sabendo agora”. Cardoso disse que acionará a Polícia Federal para apurar o caso, considerado por ele como gravíssimo, porque ele é vice-líder do governo.
 

Uma em três mulheres dá à luz sem ajuda especializada

Relatório feito pela ONG britânica Save the Children estima em 48 milhões de mulheres sem assistência
O relatório estima que, se houvesse mais 350 mil parteiras no mundo, elas poderiam salvar a vida de 1 milhão de bebês anualmente.
Enquanto na Grã-Bretanha apenas 1% das crianças nasce sem que o parto seja assistido por especialistas, essa porcentagem sobe para 94 na Etiópia e para 76 em Bangladesh.
“Não deveria ser algo complicado: alguém que saiba como secar o bebê corretamente e a ajudá-lo a respirar pode fazer a diferença entre sua vida e morte”, diz Justin Forsyth, executivo-chefe da Save the Children.
A ONG cobra ações da ONU e de governos doadores a países subdesenvolvidos, pedindo que apoiem e financiem o treinamento de mais parteiras.
Segundo o relatório, a asfixia ao nascer é responsável por mais mortes de bebês do que a malária. “Com treinamento e equipamentos corretos, parteiras podem monitorar a frequência cardíaca do feto e identificar problemas durante o parto”, diz o texto.
No total, a Save the Children calcula em 48 milhões o número de mulheres que, anualmente, dão à luz sem auxílio adequado, aumentando os riscos de morte tanto da mãe quanto do recém-nascido.
O Brasil não é citado pelo relatório.
Afeganistão
O Afeganistão é apontado como o pior país do mundo para se ter um bebê, segundo a ONG britânica. Ali, a taxa de mortalidade infantil é de 52 a cada mil nascimentos vivos (no Brasil, essa taxa é de 19,88), e 20% das crianças morrem antes de completar cinco anos.
Muitas dessas mortes são ocasionadas por práticas tribais, como colocar recém-nascidos no chão – o que traz risco de infecções – para espantar maus espíritos.
Mas, ao mesmo tempo, o correspondente da BBC em Cabul Paul Wood relata algumas pequenas melhorias no país, como o treinamento de 2,4 mil parteiras desde 2002 e o aumento no número de partos assistidos nas zonas rurais.
Um exemplo tanto dos flagelos quanto dos avanços do país é Rogul, 35, uma afegã da província de Cabul que disse à BBC que já passou por oito partos prematuros e perdeu todos os bebês.
Sua nona gravidez foi até o fim, mas a criança morreu um dia depois de nascer. Desde então, ela fez um curso para se tornar uma parteira e, agora, além de ter conseguido ter filhos, ensina práticas de saúde e higiene para outras afegãs.