O Brasil Precisa de Obstetrizes

quinta-feira, 31 de março de 2011

Conselho Federal de Enfermagem mantém decisão de não registrar formandos de obstetrícia

Estudantes exigem a manutenção do curso desvinculado da graduação de enfermagem
Estudantes exigem a manutenção do curso desvinculado da graduação de enfermagem. Foto: Caio Buni/Futura Press
 
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou nota na última quarta-feira comentando as reivindicações dos alunos do curso de Obstetrícia do Campus leste da Universidade de São Paulo. Desde a divulgação e um estudo que prevê a anexação do curso á graduação de enfermagem, o registro dos formandos em obstetrícia tem gerado polêmica.

De acordo com o Conselho, a decisão não conceder o registro profissional aos formandos foi aprovado por unanimidade durante votação dentro do Cofen por preencher os requisitos legais para o exercício profissional da enfermagem. Em nota, o Cofen também ressalta a falta de regulamentação profissional para a profissão.

Já os estudantes de Obstetrícia, que exigem a manutenção do curso separado da graduação de enfermagem afirmam que não desejam ser enfermeiros. De acordo com Marina Barreto Alvarenga, da Associação Obstetrícia da USP, a profissão está desvinculada do exercício da enfermagem e é de fundamental importância para a saúde da mulher. “Gravidez não é doença. Nenhuma mulher tem que morrer dando à luz”, afirma.


http://www.band.com.br/jornalismo/educacao/conteudo.asp?ID=100000416141 

Porque ser obstetriz

Porque obstetriz, ou, O que você tem a ver com isso?
Entenda a opção pela obstetrícia. E se puder, apóie a causa.

Meu nome é Ana Cristina Duarte. Coordeno no GAMA - Grupo de Apoio à
Maternidade Ativa (www.maternidadeativa.com.br).

Sou obstetriz formada pela USP-EACH.

Quando decidi me dedicar ao atendimento de mães e bebês, já casada, dois
filhos, vida estabilizada, eu poderia ter trilhado qualquer caminho que
quisesse, qualquer carreira. Mas eu esperei por alguns anos, perseguindo
a Profª Dulce Gualda em todos os eventos de Humanização para saber
quando sairia o prometido curso de obstetrícia da USP. No tempo em que
esperei o curso sair, eu poderia já ter completado um curso de
enfermagem! Mais dois semestres e algumas horas de estágio, eu já
poderia ser enfermeira obstetra. Mas não era o meu sonho. Eu não me via
como enfermeira, eu não queria estudar doenças, hospitais, cuidado com
idosos, crianças, UTI, procedimentos, cardiologia, oncologia,
sistematização do processo de cuidar, antes de me dedicar à minha paixão.

Eu queria estudar a mulher, seus processos, a gravidez, seus partos,
seus bebês. Eu queria reinventar o cuidado na gravidez, parto e
pós-parto. Eu queria pensar em como cuidar da mesma mulher desde o
resultado do exame de gravidez, até ela estar amamentando seu bebê. Eu
queria estar com ela desde o início, até o fim do processo. Com a mesma
mulher, na sua família, na sua casa, no seu contexto social, emocional,
afetivo. Eu me via assim, parteira. Eu não me via assim, antes
enfermeira, depois especialista. Questão de identidade pessoal com uma
carreira que já existe internacionalmente e já existiu no Brasil!

Quando o curso saiu para o vestibular de 2005, eu devo ter sido a
primeira a me inscrever! Foram quatro anos de dedicação. Quatro anos
estudando tudo o que se refere à mulher, nesta fase da vida. Tínhamos na
ponta da língua tudo o que era normal e o que era anormal. Normal na
média, normal fora da média, anormal. Exames, diagnósticos, sintomas.
Equipe multidisciplinar, UBS, alto risco, baixo risco. Fisiologia,
anatomia, nutrição, sociologia, psicologia. Mecanismos do parto,
manobras, posições, apresentações, distocias, eutocia. Intervenções,
estatísticas, saúde pública e privada. Filmes de parto entre técnicas de
esterilização. Parto na água entre elaborações de escala.

Sacolejando em trens ou parados na Marginal Tietê ao final de um dia
cansativo, nós sobrevivemos a quatro anos de intenso treinamento focado
na assistência humanizada, segura e baseada em evidências no ciclo da
gravidez, parto e puerpério.

Foram quatro intensos e difíceis semestres de estágio, porque ainda não
existem campos de estágio onde a mulher seja vista e tratada como nós,
alunos, havíamos aprendido na escola. Mas ainda assim pudemos atender
muitos partos, consultas de pré natal, consultas de pós parto, em
ambulatório e domicílio. Massagem nas costas e partograma, palavras de
incentivo, acocorar no banheiro, abraçar, controlar a dinâmica e o
gotejamento (desse não pudemos escapar). Proteção do períneo,
clampeamento tardio (quando conseguíamos), contato pele-a-pele (quando
transgredíamos).

Tivemos um excelente curso, que certamente poderia ser melhor (tudo pode
ser sempre melhor) e que desde então vem sendo melhorado ano a ano, com
novas disciplinas, reestruturação da grade, adaptação a exigências.
Formamo-nos obstetrizes competentes e sedentos por trabalhar na
assistência. Não queremos ser enfermeiros, nem médicos, nem psicólogos.
Queremos trabalhar na assistência à saúde da mulher durante a gravidez,
parto e puerpério. Apenas obstetrizes, como existem em todo o mundo sob
os curiosos nomes de sage-femme, midwife, matrona, partera, hebamme,
ostetrica, obstetrix, llevadora. Não estamos reinventando a roda e não
negamos a importância de todas as outras profissões que existem.

Quero apenas continuar fazendo o que amo: assistência dentro de equipe
multidisciplinar, com parceiros obstetras, psicólogos, enfermeiros,
fisioterapeutas, doulas, educadoras, pediatras e muitos outros. Quero
continuar parceira respeitosa e privilegiada desses maravilhosos médicos
e enfermeiras obstetras que têm nos dado os braços nessa longa jornada
pela melhoria da assistência à saúde no Brasil. Mas não quero ser
enfermeira nem médica. Eu sou obstetriz.

Neste momento o primeiro e único (por enquanto) curso de formação de
obstetrizes do país está sob ameaça. A USP pretende encerrar as vagas
para a carreira já no próximo ano. A justificativa é que o COFEN
(Conselho Federal de Enfermeiros) não nos reconhece como enfermeiros
(que não queremos ser), bem como não mais reconhece a profissão
obstetriz, apesar dela ser mais antiga que a enfermagem obstétrica. A
proposta oficial da USP é "Fundir o curso de obstetrícia com a
enfermagem", ou seja, aumentar um pouco o número de vagas para
Enfermagem no vestibular e extinguir de vez a Obstetrícia.

Esse é o começo do fim. Sem vagas, sem alunos. Sem alunos, sem curso.
Sem curso, sem carreira. Sem carreira, sem obstetrizes. Mesmo as que
existem serão como solitárias andorinhas voando sem um bando. Sem fazer
verão. Sem mudanças no cenário. Continuaremos como era antes, o que não
era nada bom. Para impedir que isso aconteça, é necessária muita pressão
da sociedade e é isso que estamos tentando fazer. Para isso peço sua
ajuda neste momento.

Assinando nossa petição, manifestando nela a sua opinião, vamos
mostrando que o curso não é uma manifestação de 250 alunos e 150
obstetrizes formados. Não estamos falando mais de um vestibular, nem de
alguns formados a procurarem uma nova carreira. Assinando e manifestando
repulsa a essa amputação proposta pela USP, mostramos que o curso e seu
ideário são uma manifestação da sociedade por um mundo melhor, por uma
forma diferente e justa de se gestar, nascer, dar à luz e amamentar seus
filhos, que seja acessível a todas as mulheres. A obstetrícia não diz
respeito a obstetrizes, enfermeiros, médicos, USP, CFM ou COFEN. A
obstetrícia diz respeito à vida de todos e ao futuro dos nossos filhos.

Para assinar nossa petição: clique em
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/8452
Basta nome e RG, mas você também pode deixar uma mensagem de apoio. Não
precisa preencher os outros dados.
Assinaturas já recolhidas (7800 na última visita):
http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/abaixoassinado/8452/?show=500


Grata pela colaboração! E assine a petição, clicando aqui:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/8452

Ana Cristina Duarte
Obstetriz
GAMA

terça-feira, 29 de março de 2011

CARTA DE APOIO AO CURSO DE OBSTETRÍCIA DA EACH-USP

 Carta Aberta em apoio ao curso de Obstetrícia, redigida e compartilhada na web e redes sociais, c/ assinaturas de outros veículos de comunicação virtuais, entidades e apoiadores da causa, pelo direito de partejar e nascer c/ respeito!
 
Nós, mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), mães, profissionais das mais variadas áreas e entidades afins declaramos nosso apoio ao Curso de Obstetrícia da Escola de Artes e Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACH-USP, que terá seu número de vagas reduzido e corre o risco, inclusive, de ser fechado, visto que o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) não reconhece a categoria e a USP por pressão e intimidação se posicionou em seu Relatório Estudos das Potencialidades, Revisão e Remanejamento de Vagas nos Cursos de Graduação da Escola de Artes e Ciências e Humanidades da USP considerando reduzir mais de 300 vagas, de diversos cursos. Com indignação clamamos e lutamos contra esta ação, visto que o curso é o único no País a formar obstetrizes centradas nos cuidados integrais relacionados à saúde da mulher, especialmente em um momento único como o parto e nascimento de um filho, que é visto pelos atuantes deste ofício como algo fisiológico, próprio do corpo feminino, tendo a mulher como protagonista. Uma formação desta magnitude é uma inovação, dado que o Brasil apresenta elevadas taxas de cesarianas eletivas, alcançado patamares como o 2º. País com os mais altos índices, seja no sistema público de saúde (cerca de 45%), ou no privado (cerca de 90%), mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar um percentual de 15%, assim uma profissão centrada nas especificidades que uma gestante necessita é um ganho para a sociedade e para as futuras gerações, além do mais que já é uma vitória ter o Curso de Obstetrícia reaberto após 30 anos de sua exclusão, ocasionando cenários de violência institucional no atendimento ao parto e nascimento em várias regiões brasileiras, tratando os corpos femininos como templos do saber médico. Pela continuidade do Curso de Obstetrícia da EACH-USP, pelo reconhecimento de nossas obstetrizes e pela arte de partejar! 
 
Abaixo-assinamos, Nome das entidades/grupos/coletivos/sites/blogs:
- Blog A Bolsa da Doula - Patrícia Merlin Aldeia Materna

- Blog Buena LecheCláudia Rodrigues
- Blog Parir é Natural - Carla Andreucci Polido 
- Blog Parto no BrasilAna Carolina A. Franzon & Bianca Lanu 
- Blog Mamãe Antenada - Pérola B. 
- Blog Mães Empreendedoras - Vanessa Rosa 
- Blog MaternAtiva - Denise Cardoso 
- ciadasmães - Gesta Paraná - Patrícia Merlin 
- Grupo Curumim - Paula Vianna - Hugo Sabatino 
- Kika de Pano - Bruna Leite - Mamíferas 
- Kalu Brum Umbiguinho Slings  
- What Mommy NeedsCarolina Pombo 
- Yoga para Gestantes - Anne Sobotta

As razões do COFEN

Mensagem recebida do REHUNA, por Ricardo Jones

Podem-se entender as razões do COFEN para tentar eliminar o curso de
obstetrizes da USP?

É possível tentar entender os conflitos que observamos nesta questão
sem sucumbir aos ape­los sedutores do maniqueísmo?

Eu acredito que sim, desde que entendamos o quê realmente representam
estas entidades.

O COFEN, assim como o CFM, são órgãos da corporação. Foram criados
para proteger as conquistas destas atividades na sociedade. Mais
ainda: são entidades sustentadas pelos com­ponentes desta corporação,
que os elegem para proteger seus direitos e privilégios.

Em outras palavras: o COFEN não é um instrumento da sociedade para
regular a enferma­gem, tanto quanto o CFM não foi criado pela
sociedade para regular e proteger a atividade médica. Estas entidades
são órgãos corporativos, que são criações das próprias corporações
para defender, respectivamente, a enfermagem e a medicina.

Falando da medicina, que é o que conheço por dentro, quando o CFM
condena um médico não o está fazendo para proteger os pacientes, e nem
para proteger a excelência e a qualidade dos atendimentos, mas para
proteger os MÉDICOS. Para o CFM um mau médico atrapalha a ima­gem que
a sociedade tem da medicina e diminui o valor social da corporação.
Não cabe ao CFM proteger a população, defender uma medicina baseada e
centrada em evidências, melho­rar as condições de saúde das pessoas ou
criar espaço para uma medicina mais humanizada. Isto NÃO É a função
precípua de um conselho (mesmo que esta seja a idéia vendida para
nós). Esta se limita a proteção da medicina, seus pres­supostos
éticos, e a defesa do médico. Isso explica, por exemplo, porque o CRM
nunca move uma palha para criticar o excesso de cesarianas.
Entretanto, médicos que trabalham estritamente dentro dos protocolos
da OMS correm perigo, porque agridem os privilé­gios duramente
conquistados pela categoria. Ele incomoda sua própria corporação,
portanto é herético, não importa que benefício ele possa oferecer aos
pacientes.

Vejam bem. Com isso não estou criticando a medicina e nem os conselhos
médicos, tanto os CRMs quanto o CFM. Apenas quero mostrar que o
trabalho destas instâncias é a prote­ção da medicina e não a proteção
dos pacientes. E acho que este trabalho precisa ser feito mesmo, pois
que sem ele os médicos ficariam desprotegidos diante de uma sociedade
sensaciona­lista e que busca resultados positivos sempre, anestesiada
que está por uma cultura que miti­fica a tecnologia e promete a
redenção através do acesso a ela.

Com o conselho de enfermagem, e de qualquer outra corporação, ocorre o mesmo.

O COFEN é o "cão de guarda" da enfermagem, e esta visão não é
diminutiva; pelo contrário, mostra a verdadeira vocação deste órgão,
que procura defender as conquistas e as prerrogati­vas da profissão.
Está sempre a postos para defender quando a enfermagem está sob
ame­aça. Quando um grupo de profissionais, como as obstetrizes, ameaça
os domínios das enfer­meiras, este mecanismo de defesa é
automaticamente acionado. É o mesmo efeito observado pelos CRMs em
relação às Casas de Parto. O domínio do parto é médico (mesmo que uma
enfermeira o realize, um médico será o responsável em última
instância), e quando um estabelecimento determina a autonomia das
enfermeiras na sua condução o sinal vermelho acende. PERIGO. Elementos
estranhos invadem o flanco esquerdo das torres do castelo.
Imediatamente é acionado o sis­tema de proteção.

Algumas enfermeiras vivenciam agora o MESMO fenômeno que eu passei
quando da luta pela manutenção das Casas de Parto: o constrangimento
de lutar por uma visão democrática, aberta e plural para a assistência
ao nascimento, ao mesmo tempo em que sua categoria de­saprovava a
mesma idéia, preconizando um fechamento exclusivista. É necessária uma
visão mais abrangente para se posicionar e para, enfim, lutar.

Ao mesmo tempo em que entendo a posição do COFEN (e também do CFM) eu
também percebo que as decisões sobre esta questão devem estar ACIMA
das posições parciais destas entida­des. É um gigantesco equívoco
confundir a vocação legítima destes conselhos em proteger as suas
corporações com a necessidade de proteger a SOCIEDADE. Este necessário
resguardo da sociedade cabe aos níveis mais altos da política; são
decisões que precisam levar em consideração a complexidade da
estrutura social, acima dos desejos e aspirações de grupos. Quando
percebemos esta dicotomia, faz-se necessário posicionar-se de forma
corajosa e determinada. Se a visão for centrada nas necessidades da
sua própria profissão, a escolha pela posição do conselho de
enfermagem é natural e coerente. Entretanto, se desejamos o
fortalecimento das idéias de humanização do nascimento, o esforço pela
manutenção de uma escola de parteria, desvincu­lada das escolas
tradicionalmente “medicalizadas” de assistência ao parto (a medicina e
a en­fermagem), é a escolha mais sensata e correta.

As obstetrizes incomodam, pela sua liberdade e autonomia, as escolas
tradicionais. Entretanto, eu creio que elas podem dar uma enorme
contribuição ao debate da assistência ao nascimento humano.

Elas podem virar esse jogo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Órgão de enfermagem: mudança de obstetrícia da USP é quase certa

Presidente do conselho disse que negociação com universidade está "em 9, em uma escala de 1 a 10"

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
O Conselho de Enfermagem (Coren) de São Paulo informou a representantes do curso de obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP) que as negociações para adequação da carreira à enfermagem estão adiantadas. “Estamos em 9, em uma escala de 1 a 10”, disse o presidente do órgão, Cláudio Porto, em uma reunião na sede da entidade para responder a dúvidas de alunos e professores.


Um dos protestos pela decisão de fundir curso com enfermagem Foto: AE
A fusão do curso de obstetrícia com enfermagem, proposta no relatório que sugere o corte de 330 das 1.020 vagas da USP Leste, é motivo de protestos há uma semana. O documento fala da baixa demanda pela carreira no vestibular e da dificuldade em conseguir credenciamento em um órgão profissional – apenas alguns formados conseguiram certificação por meio de decisões judiciais.
Na próxima semana, a Comissão de Graduação da unidade vota se suspende ou não o curso do vestibular 2012. “Vamos avaliar as mudanças propostas pelo relatório em geral, mas temos pressa de decidir o caso de obstetrícia, que é mais urgente”, disse a presidente da Comissão de Graduação da unidade, Mônica Sanches Yassuda, explicando que todos os cursos têm representantes no conselho que contam também com dois alunos.
A USP já apresentou ao Coren duas propostas de adequação do curso de obstetrícia para que os formados pudessem ser credenciados pelo órgão. Ambas foram negadas por tratar apenas da saúde da mulher. “Estamos quase nos acertando, falta apenas a USP apresentar uma proposta de adequação do curso que inclua o cuidado do ser humano, do adolescente, da criança e do idoso. Falta 25% ou 30% da formação de enfermeiro para quem fez obstetrícia”, disse Porto.
Neste caso, alunos e profissionais já formados fariam um ano a mais de aulas e seriam enfermeiros com ênfase em obstetrícia. “É impossível ser obstetriz e ter uma carteirinha de enfermeiro o que vocês podem é decidir que serão obstetrizes e não terão certificação ou brigar na justiça, mas vamos recorrer até a última instância”, disse o assessor legislativo do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Luiz Gustavo Muglia.
Diretor diz apoiará decisão de alunas
Na sexta-feira passada, o diretor da USP Leste, Jorge Boueri, se reuniu com alunos formados e aconselhou que fossem à reunião com o Coren. “Ele disse para esquecermos o relatório por enquanto e que apoiaria o que decidíssemos depois de ouvir o conselho”, afirmou Natalie Leister, vice-presidente da Associação de Obstetrizes.
Agora, alunos e professores farão novas reuniões para decidir se desistem da carreira com graduação para conseguir apoio do órgão que garantiria maior empregabilidade.

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/orgao+de+enfermagem+mudanca+de+obstetricia+da+usp+e+quase+certa/n1300009483212.html

domingo, 27 de março de 2011

Reportagem no SP TV 2ª edição em 26/03/2011

Alunos da faculdade de obstetrícia da USP fazem protesto

 A manifestação foi contra o possível fechamento do curso. Algumas mulheres ficaram de peito à mostra para chamar a atenção. O protesto teve o apoio de mães que tiveram parto normal.

FORÇA Obstetriz, uma essência da profissão.


Sábado, 26 de março o vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo) ficou pequeno diante do movimentação de pessoas unidas contra o fechamento do curso de Obstetriz da USP. Mães, pais, bebes, professoras, alunas, ONGs, ativistas a favor do parto Humanizado se juntaram pra apoiar a causa. Muitas mulheres pintaram os seios e saíram em passeata, pela a Av. Paulista, mostrando os peitos pra sensibilizar a população da cidade de São Paulo quanto a necessidade de se formar profissionais que trabalhe a favor do parto normal.
Se a manifestação (dia 22/03) na frente da reitoria foi marcada pela tristeza essa foi marcada pela esperança.
a manifestação foi de corpo e alma

Eu, Bia Fioretti, entrevistei a Flavia Estevan, uma das representantes das alunas nas negociações com a universidade
Só na quinta feira, dia 17 de março, que ficamos sabendo sobre os 2 relatórios apresentados contra o curso de Obstetríz da Each USP, foi então que constatamos que o curso podia realmente fechar, estávamos sentadas lá fora, esperávamos pra conversar com alguns professores e algumas meninas choravam muito.












Um longo caminho a ser percorrido...













Naquele momento a gente começou a se questionar, Qual seria o sentido de tudo isso? Nós nunca tínhamos discutido porque cada de nós escolheu aquele curso.
Perguntávamos umas as outras: Qual o sentido disso? Quais motivos que trouxeram cada uma de nós para o curso de obstetrícia da USP? A resposta foi unânime, cada uma de nós havia tido um sinal, uma intuição, como se fosse um chamado mesmo, falar sobre esse assunto foi muito forte naquele momento…. a gente sentiu que estávamos aqui por causa de uma missão.
E de um dia pra o outro o curso iria acabar?
Como assim a gente não conseguia entender?











uma mobilização impressionante!













Um chamado de vida, é um chamado de vida! As coisas não podiam terminar assim, foi quando a gente se conectou com um propósito maior e um sentimento mais profundo deu animo e força. Eu fui pro laboratório de informática elaborar um abaixo assinado, fizemos as cartas, demos um jeito de conseguir as traduções e nos mobilizamos.
No mesmo momento que víamos que tudo poderia estar pedido nos iniciamos esse movimento, esse sentimento que brotou, que ressurgiu dentro da nós foi essencial.

Todo mundo que esta dentro do curso tem uma história especial e um motivo muito forte para lutar pelo nosso curso de Obstetriz.”
A  intuição  e a motivação pessoal da Flávia Estevan:  “Há alguns anos, eu nem pensava em obstetrícia, uma amiga querida que não conseguia engravidar me  perguntou: “Porque eu não consigo a coisa mais natural do mundo? ” Isso me fez questionar que algo tão natural como conceber, gestar e parir é ao mesmo tempo simples e complexo,  e eu decidi me dedicar a assistência  a saúde da mulheres na sua complexidade para tornar as coisas o mais natural possível.

Toda mulher deveria ter o direito de escolher que tipo de parto está disposta a ter. Esses bebes nasceram pelas mãos de uma obstetriz
Pra isso eu procurei o caminho formal, institucional, porém entre eu e a obstetrícia tinha a FUVEST (exame do vestibular), pra conseguir esse objetivo entrei num transe e por três meses estudei tudo que eu podia e eu passei no vestibular, isso já foi um sinal.

esses bebes nasceram em casa com uma obsteriz- o bebe da direita tem 25 dias (o momento do nascimento foi tão mágico que ele tinha que participar)
A gente está numa universidade! Ao mesmo tempo que a gente está vinculada com lado acadêmico e científico, estamos conectadas ao lado social, político e também a aquele chamado que nos moveu te aqui. Eu comecei a estudar a me dedicar tanto, que nunca tive dúvida do caminho a ser seguido.

Quando começou essa história foi um desencaixe de informação e nós pensamos: a história não é só essa:  a gente tem a oportunidade de melhorar a assistência a Saúde da Mulher, a gente já está na universidade, pra nós tudo isso é muito forte.


o que nós queremos pras mães do futuro?
Nós, nos sentíamos como as 60 privilegiadas de estarmos aqui na USP, numa universidade pública com toda a oportunidade de estar em contato com todas as inovações científicas que ela pode nos oferecer e que também pensa e trabalha a humanização do nascimento desde o início do curso.
um voz que não pode ser calada!

Estudar e nos preparar para dar a assistência pra as mulheres é isso que move.
É realmente isso que move! Por isso estamos aqui!”











Uma das alunas de peito aberto, pra encarar a profissão de obstetriz sem barreiras













O movimento de resgate da essência do feminino Mães da Pátria, já entrevistou mais de 900 mulheres no mundo ocidental que se dedicam a humanização do nascimento e já concluiu que a alma, o espírito, a vocação de uma verdadeira parteira (no sentido genérico da palavra, seja ela formal ou tradicional) é universal. Eesse comportamento de superação, esse chamado divino, essa real vocação descrita pela Flavia e pelas suas colegas da USP  é uma essência comum entre todas as parteiras que já conheci. Essas alunas tem realmente a alma de parteira, que não se dobram a dificuldade.
É desse tipo de profissional que a nossa sociedade precisa na luta em favor da saúde da mulher.
Todas as mulheres, que se dedicam a Humanização do nascimento, colocam a atenção a outra mulher de maneira incondicional, com conhecimento sobre a fisiologia feminina e a sabedoria de um sacerdócio.
Gerações de obstetrizes estavam lá, representantes, ativistas da humanização do nascimento: do setor academico, ONG, associaciações, FSP USP, ReHuna Parto do Princípio, Anep Brasil, Mães da Pátria*

O barulho na Avenida Paulista foi tão grande que saiu no noticiário da Rede Globo, em horario nobre do SP tv em São Paulo.
Se a Força motriz é a força que move, que produz movimento imagine o que pode fazer uma “Força Obstetriz”? ( rssss)

Artigo extraído do Blog  Mães da Pátria

sábado, 26 de março de 2011

Estudantes protestam contra ameaça de fechamento de curso da USP Leste

No Masp, alunas, parteiras e mães defenderam faculdade de obstetrícia.
Universidade propõe fusão do currículo com o curso de enfermagem.

Luna D'Alama Do G1, em São Paulo
Dezenas de estudantes do curso de obstetrícia da unidade Leste da Universidade de São Paulo (USP) se reuniram com parteiras, mães e ONGs no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), às 10 horas deste sábado (26). Com cartazes e um abaixo-assinado, os manifestantes pretendem impedir a extinção dessa faculdade, que é a única do Brasil, mas pode se fundir à de enfermagem da USP e ter o próximo vestibular cancelado.
Obstetrícia USP (Foto: Luna D'Alama/G1)
Dezenas de alunos do curso de obstetrícia da USP se reuniram no vão livre do Masp (Foto: Luna D'Alama/G1)
Segundo a coordenadora do curso, Nádia Narchi, os professores e alunos são contra essa mudança porque, apesar de profissões “irmãs”, as duas áreas representam paradigmas profissionais diferentes. “Se a gente for diluído na enfermagem, não vamos construir um campo de conhecimento próprio. Não aceitamos essa proposta e queremos que a USP compreenda a importância social e acadêmica da nossa profissão.”
Nádia disse, ainda, que a USP está se dobrando ao Conselho Federal de Enfermagem, que tem dificultado o registro de obstetrizes formadas, também pouco reconhecidas pelo mercado. “Há duas saídas possíveis: a reformulação curricular ou a contestação judicial, mas a USP optou pela saída covarde, de atender ao conselho”, afirmou a coordenadora.
Atualmente, o curso de obstetrícia da USP Leste, que pertence à Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), tem cinco turmas de 60 alunos cada e duas já formadas. A graduação tem uma duração de quatro anos e meio e, em 1974, já sofreu com a extinção e a fusão à enfermagem – ressurgindo em 2004. A estudante Jéssica Nascimento, do terceiro ano, afirmou que a universidade quer reduzir 330 das 1.020 existentes nos dez cursos do campus. “A enfermagem não tem estrutura para nos abrigar”, avaliou.
Obstetrícia USP 300 (Foto: Luna D'Alama/G1)
Manifestante assina abaixo-assinado em defesa
do curso (Foto: Luna D'Alama/G1)
Para a aluna Flávia Estevan, também do terceiro ano, "a faculdade surgiu como um pedido de movimentos sociais para atender à demanda brasileira de partos normais e para reduzir o número de cesarianas”.
De acordo com ela, o objetivo é acabar com a “fábrica de cesáreas”, já que 90% dos partos na rede privada do país e 50% do Sistema Único de Saúde (SUS) são desse tipo, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda no máximo 15% nos dois sistemas juntos. “Hoje, o médico é o protagonista e a mulher passa por uma cirurgia. Gravidez não é doença”, destacou Flávia.
A enfermeira obstetra Vilma Nishi, que atua há 35 anos com partos humanizados e já fez mais de 700 em residências, acha que enfermeiros e obstetrizes devem unir forças, porque a figura mais importante dessa história é a mulher. “Nunca vi a USP fechar um curso”, lamentou.
Segundo a administradora Priscila Ariani, mãe de Francisco, de 3 anos e meio, e Arthur, de 9 meses (o primeiro nasceu de cesariana e o segundo, de parto normal em casa), a cesárea é uma invasão e uma falta de respeito ao momento mais especial na vida de uma mulher. “O médico vem com um suposto saber, o bebê é retirado de você, fica no seu colo por 2 minutos e depois preciso me recuperar da anestesia”, disse. Priscila acredita que o médico entende o parto como um procedimento cirúrgico, não como o nascimento de um filho.
Em comunicado, a direção da universidade diz que “a avaliação permanente da graduação e a revisão dos cursos da EACH é absolutamente natural, indo de encontro às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade”. “A principal preocupação é com os egressos e com os alunos que estão cursando obstetrícia. Se for necessária outra reformulação do curso, ela será feita”, afirmou Telma Zorn, pró-reitora de graduação.

 http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/03/estudantes-protestam-contra-ameaca-de-fechamento-de-curso-da-usp-leste.html

Alunos da USP protestam contra fechamento de curso de obstetrícia



Por Cleyton Vilarino -educacao@eband.com.br

Estudantes do curso de obstetrícia da USP (Universidade de São Paulo) Leste realizaram um protesto na manhã deste sábado no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Com cartazes e um abaixo-assinado, eles pediam que o curso seja mantido pela instituição. Está prevista uma fusão da disciplina com a de enfermagem e não haverá mais vestibular para o curso. Parteiras, mães e ONGs também estiveram presentes.

A USP divulgou na semana passada um estudo encomendado pela reitoria que apontou a necessidade de diminuir vagas na USP-Leste. Criado em conjunto com sete professores, cinco do campus da zona leste, um da Escola de Comunicações e Artes sob coordenação do ex-reitor Prof Adolpho José Melfi, o documento causou polêmica ao propor a fusão entre os dois cursos - acabando de vez com o de obstetrícia.

De acordo com o documento, a escola foi desenvolvido para comportar até 50 alunos por sala de aula e hoje comporta até 70 alunos por causa das repetências. Ainda segundo o documento, em muitos casos foi necessário a abertura de turmas extras para aliviar as salas. “Esta é, certamente, uma das causas para as frequentes queixas de superlotação de salas que alguns colegas reportaram. Assim sendo, a USP sugere uma redução geral de 10 vagas para todos os cursos, que passariam a funcionar com 50 vagas”, destaca o documento.

Seriam cortadas 30 vagas em ciências da atividade física; 40 em gestão ambiental; dez em gerontologia; 20 em gestão de políticas públicas; 80 em licenciatura de ciências da natureza; 20 em lazer e turismo; 20 em marketing; 30 em sistema de informação,  20 em têxtil e moda e, por fim, a junção dos cursos de obstetrícia e enfermagem.

Pelas mudanças, não haverá mais vestibular para o curso de obstetrícia
Pelas mudanças, não haverá mais vestibular para o curso de obstetrícia. Foto: Caio Buni/Futura Press


Protestos
O fechamento de vagas gerou reação dos estudantes, sobretudo dos alunos de obstetrícia. Na última terça-feira, dia 22, elea já haviam realizado uma manifestação em frente à reitoria da USP exigindo a continuidade do curso. Também foi criada a Associação Obstetrícia da USP e, na quinta-feira, uma audiência pública foi convocada para que o reitor, João Grandino Rodas, pudesse explicar as últimas medidas tomadas na universidade.

De acordo com a representante da Associação, Marina Barreto Alvarenga, a permanência do curso é uma questão de saúde pública e da mulher. “Gravidez não é doença. Quando uma mulher está grávida, ela não procura um médico”, defendeu durante a audiência na Assembléia Legislativa. “Nossa reivindicação é também pela a saúde da mulher”.

Histórico
A graduação em obstetrícia tem gerado problemas para os alunos e formandos desde a sua primeira turma. Devido a um desentendimento com o Coren (Conselho Regional de Enfermagem), os alunos formados no curso de obstetrícia não conseguem ingressar no mercado de trabalho.

O Coren se nega a reconhecer a graduação de obstetrícia, pois só aceita formação de enfermeiro-obstetra. De acordo com o órgão, os alunos do curso da EACH não possuem formação em enfermagem para conseguir o registro no Conselho.

Mariane Menezes foi um desses casos. Assim que se formou, tentou prestar concurso para a rede estadual de saúde e, após passar em terceiro lugar, foi impedida de tomar posse do cargo. “Foi uma frustração muito grande. A gente se forma com aquela vontade de fazer melhor”, lamenta Mariane se referindo á qualidade da Saúde Pública no país.

Os estudantes prometem continuar os protestos nos próximos dias.

http://www.band.com.br/jornalismo/educacao/conteudo.asp?ID=100000414369 

quinta-feira, 24 de março de 2011

Foto na assembléia legislativa







  
Foto da mobilização na audiência pública com o Coordenador de Relações Internacionais da USP, Wanderley Messias da Costa, na Assembléia legislativa em São Paulo, por Maria Alvez.

Emissoras de rádio falam sobre o curso de Obstetrícia e a USP Leste

RÁDIO CBN AM – 24/03/2011
Entrevista com Gilberto Giusepone, diretor do cursinho da POLI, sobre o fechamento de vagas na USP Leste (Cita USP)
http://www2.boxnet.com.br/governosp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=16052655&IdEmpresaMesa=&TipoClipping=A

RÁDIO CBN AM – 24/03/2011
Alckmin enfrenta protestos de estudantes da USP contra o fim do curso de Obstetrícia e promete ajuda (Cita USP)
http://www2.boxnet.com.br/governosp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=16052456&IdEmpresaMesa=&TipoClipping=A

RÁDIO JOVEM PAN AM – 23/03/2011
Destaques locais: Alckmin defende manutenção do curso de obstetrícia na USP Leste (Cita USP)
http://www2.boxnet.com.br/governosp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=16048920&IdEmpresaMesa=&TipoClipping=A

Coordenador da USP deixa Assembleia sem falar após intimidação

Representante da diretoria foi provocado, vaiado e saiu escoltado de audiência pública. Ao iG, disse que é contra fim de curso

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 24/03/2011 19:38
Coordenador de Relações Internacionais da USP, Wanderley Messias da Costa, que saiu sem falar depois de ouvir por duas horas - Foto AE
Uma audiência pública que questionava ações recentes da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) nesta quinta-feira acabou com o único representante da direção da instituição abandonando o local após ser intimidado por dois funcionários. O coordenador de Relações Institucionais, Wanderley Messias da Costa, saiu da Assembléia Legislativa sem falar enquanto cerca de 400 pessoas gritavam “covarde”. Ao iG, ele disse que concorda com a maioria das demandas apresentadas por alunos, docentes e funcionários da universidade.

Coordenador de Relações Internacionais da USP, Wanderley Messias da Costa, que saiu sem falar depois de ouvir por duas horas
O evento foi agendado pelo deputado Carlos Gianazzi (Psol) para debater recentes demissões e gastos com compra de imóveis na USP. Com a divulgação na semana passada do relatório que prevê o fechamento de 330 das 1.020 vagas da USP Leste e o fim do curso de Obstetrícia, ganhou o apoio dos estudantes.
O convite oficial para prestar esclarecimentos foi feito ao reitor, José Grandino Rodas, que não compareceu. Costa foi convidado paralelamente pelo deputado por telefone e aceitou. “Na terça-feira liguei para o reitor e avisei que iria. Ele disse que não compareceria, mas que não via problemas na minha presença”, conta.
Último chamado a compor a mesa da audiência, o coordenador foi muito vaiado. Por cerca de duas horas, representantes dos professores, funcionários e alunos se alternaram ao microfone com deputados que pediam a saída de Rodas. “O nosso objetivo aqui é um só: rodar o Rodas. Ele não tem moral para continuar reitor”, disse o diretor do sindicato dos funcionários, Magno Carvalho. O presidente da associação dos docentes da USP (Adusp), João Zanetic, disse que não respeita o reitor “nem como acadêmico, nem como colega”.
Agressão não foi vista pela plateia
A provocação ao representante da direção começou enquanto uma das funcionárias demitidas pela USP em janeiro fazia um pronunciamento. Atrás de uma pilastra, uma mulher cutucou o ombro de Costa. “Você não tem nada que estar aqui, pau mandado”, disse a mulher que assumiu à reportagem do iG a intenção de provocar o representante da universidade, mas não quis se identificar. “Estou aqui porque fui convidado, a senhora não tem o direito de me agredir”, respondeu o Coordenador de Relações Institucionais.
De verde, mulher que provocou a saída de Costa se posicionou ao lado dele, atrás da pilastra
Em seguida, um outro rapaz se dirigiu a Costa, que pediu a ele que falasse ao ouvido por causa do barulho. “Você não tem que falar nada, tem que ficar com o ouvido doendo e só”, afirmou o jovem em volume suficiente para a reportagem que estava a um metro de distância escutar. Costa, imediatamente, fechou a pasta e saiu. “Agora vocês expliquem no microfone porque eu não vou falar nada.”
Ninguém esclareceu, e os estudantes cercaram o coordenador na saída aos gritos de “covarde”. Foi preciso que policiais militares o escoltassem até uma escada.
“Eu entendo, já estive no lugar deles”
Por telefone, Costa afirmou que também já foi presidente da Adusp e entende as manifestações. “Eu fui um dos que defendi a criação da USP Leste e o curso de Obstetrícia, eu ia lá conversar com a comunidade. Até em reunião em igreja eu fui. Não mudei de ideia de 2004 para cá, sou contra o fechamento da carreira”, disse.
Na época da criação do campus, o atual coordenador de Relações Internacionais era prefeito da Cidade Universitária. Para ele, a comissão que fez o relatório sugerindo o fechamento de vagas errou. “Primeiro por não ter representante de obstetrícia, segundo por não ter debatido a questão e, terceiro, por ter divulgado antes de conversar com os interessados”.
Costa acredita que a união provocada pelo documento entre professores, funcionários e estudantes ainda terá consequências maiores. “A USP Leste é um projeto social, qualquer coisa que se faz lá tem repercussão. O que vimos hoje na Assembleia é um tsunami. A mobilização dos alunos é impressionante” 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Governador promete ajuda contra fechamento de curso da USP Leste

Alckmin se reuniu com alunas de obstetrícia que foram a evento pedir apoio contra fim da carreira e corte de vagas

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
Um grupo de alunas de obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP) que protestam contra o possível fechamento do curso foi recebido na manhã desta quarta-feira pelo governador Geraldo Alckmin. Elas aproveitaram um evento com a presença do político na zona leste, onde fica o campus em que estudam, para chamar atenção do governante e acabaram atendidas pessoalmente.


Foto: Gerson Nilton de Souza Vieira/Polícia Militar de SP
Estudantes do obstetrícia foram atendidas pelo governador Geraldo Alckmin que disse apoiar a causa

Na semana passada foi divulgado um relatório que sugere o fechamento de 330 das 1.020 vagas da USP Leste e a fusão de obstetrícia com enfermagem encerrando a carreira. Desde então, as estudantes fizeram protestos na unidade, em frente a reitoria da instituição e, nesta quarta-feira, na porta de uma unidade da polícia militar visitada por Alckmin para anúncio de mudanças no sistema de boletins de ocorrência.
Logo que o governador chegou, a assessoria procurou uma representante do grupo e avisou que ele as atenderia ao final do evento. Nove alunas se reuniram com Alckmin e explicaram que o curso estava ameaçado. “Ele disse que é simpático a nossa causa e entende a importância da carreira para o parto humanizado”, contou a aluna, Mariana Gervásio. “Ele ficou bastante sério, pediu contatos da coordenadora e prometeu ajudar”, diz a colega Thaís Peloggia.


Foto: AE
Protesto em frente a em frente evento da Polícia Militar
Segundo elas, assim que começou a ouvir as reclamações, Alckmin pediu a um dos assessores que ligasse para o reitor, João Grandino Rodas, mas o celular estava desligado. Ele prometeu então, avaliar o que poderia fazer. A assessoria do governador confirmou que ele se dispôs a "estudar as reivindicações".
Nesta quinta, o grupo pretende comparecer a uma audiência pública na Assembléia Legislativa que aguarda a presença do reitor para falar sobre questionamentos em relação à universidade. Outra reunião sobre o curso de obstetrícia foi marcada para a próxima segunda-feira com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren), órgão que emite a certificação das obstetrizes formadas. Embora a regional já tenha dado algumas carteirinhas, o Conselho de Enfermagem Nacional (Cofen) emitiu parecer contra a prática.
A sugestão de cortes
O relatório que gerou os protestos foi feito pelo ex-reitor da USP Leste Adolpho Melfi e um grupo de professores tanto da unidade quanto de outros departamentos. O documento revisa os cursos da USP Leste conforme a demanda e sugere o fechamento de pelo menos 10 vagas em cada um dos cursos para aumentar a concorrência no vestibular. No caso de obstetrícia a sugestão é a fusão com o curso de enfermagem, que fica em Pinheiros.


http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/governador+promete+ajuda+contra+fechamento+de+curso+da+usp+leste/n1238187030422.html

Alckmin defende manutenção de curso de obstetrícia na USP Leste

Estudantes fizeram protesto pela ameaça de fechamento.
Direção da unidade vai discutir situação com conselho de enfermagem.

Do G1, em São Paulo
Estudantes do curso de obstetrícia da USP Leste, ameaçado de fechamento, fizeram um protesto na manhã desta quarta-feira (23) em frente a uma companhia da Polícia Militar em Ermelino Matarazzo, em São Paulo, durante um evento com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Elas estavam com uma faixa com os dizeres “O fim da obstetrícia é o início do fim da USP Leste”. O governador foi ao local para assinar convênio que permite à PM registrar boletins de ocorrência.
Protesto de alunas da USP Leste (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Protesto de alunas de obstetrícia, da USP Leste, em Ermelino Matarazzo, em São Paulo; curso pode ser fechado (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Durante o evento, o governador comentou o assunto. “Houve um problema com o Coren. Embora seja um assunto afeito à universidade, vamos ajudar. Eu vejo que a modernidade são equipes multiprofissionais, não precisa tudo ser feito pelo médico. Sou totalmente favorável [à manutenção do curso]”, disse Alckmin.
Ao G1, estudantes mostraram preocupação com uma possível fusão com o curso de enfermagem. "Com toda a certeza os alunos de obstetrícia são desfavoráveis à fusão do curso com enfermagem. Isto seria um retrocesso, visto que voltaríamos ao que aconteceu quando o curso de obstetrícia existiu no Brasil", disse por e-mail Priscila Tavares, aluna do 7º semestre do curso de obstetrícia.
"A fusão transformaria nosso curso de graduação em obstetrícia em um curso de especialização, e hoje nossa formação que tem duração de 4anos e meio em período integral, passaria para no máximo, 1 ano e meio. Isso faria com que nós perdessemos as disciplinas que norteiam nosso atendimento e nossa visão sobre a assistência humanizada", disseram em e-mail as estudantes de obstetrícia Mariana De Gea Gervasio, Laís Akemi Morimoto, Glauce Soares e Thais Peloggia Cursino.
A direção da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), mais conhecida como USP Leste, vai reunir alunos e formados no curso de obstetrícia na próxima segunda-feira (28) na sede do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP), na Bela Vista. A intenção é buscar alternativas para o curso que corre o risco de ser fechado. Um relatório elaborado por um grupo de trabalho que cuida de revisão e remanejamento de vagas concluiu que a USP Leste deveria fechar 330 vagas do vestibular, e que o curso de obstetrícia (o único no país) deveria se fundir com o de enfermagem.
A decisão provocou revolta dos alunos de obstetrícia. Desde a criação do curso, em 2005, junto com a inauguração do campus da USP na Zona Leste de São Paulo, os alunos de obstetrícia enfrentam dificuldades para o reconhecimento de sua formação profissional. Os formandos precisam de uma certificação especial dos conselhos de enfermagem para exercer a profissão, e muitas vezes só obtêm este registro com ações judiciais.
Em comunicado, a direção da universidade diz que “a avaliação permanente da graduação e a revisão dos cursos da EACH é absolutamente natural, indo de encontro às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade”. “A principal preocupação é com os egressos e com os alunos que estão cursando Obstetrícia. Se for necessária outra reformulação do curso, ela será feita”, afirmou Telma Zorn, pró-reitora de graduação.
Os alunos temem a extinção do curso de obstetrícia. Em comunicado que busca angariar assinaturas contra a extinção , os alunos destacam que “a formação específica de Obstetrícia capacita os profissionais para praticar uma atenção individualizada à mulher e à família, compreendendo-a em seus processos de gestação, parto e amamentação como fisiológico, mas também e igualmente importantes, como processos emocionais, sociais, culturais, espirituais e como sementes para um mundo melhor”.

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/03/alckmin-defende-manutencao-de-curso-de-obstetricia-na-usp-leste.html 

Portal de Enfermagem - Curso de Obstetrícia da USP-Leste – o Portal quer saber a sua opinião

Em 2005, o curso de Obstetrícia foi retomado na USP, no seu campus na Zona Leste da cidade de São Paulo. Porém, agora em 2011 ele pode ser extinto. Tanto que alunos já estão se mobilizando para que isso não ocorra no calendário de cursos da Fuvest de 2012.

A retirada é defendida pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e apoiada por comissão interna da USP, pelo menos até que se encontrem formas de viabilizar o curso.

Em seis anos, o curso de obstetrícia já formou duas turmas, no total de 90 obstetrizes -mesmo os profissionais do gênero masculino designam-se assim, para se distinguirem dos médicos e enfermeiros obstetras.

Ao contrário do que previam os organizadores do curso, porém, o Cofen logo manifestou seu inconformismo com o fato de os egressos da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) pleitearem o registro como enfermeiros.

Segundo o Cofen, o curso da USP-Leste não cumpria as diretrizes curriculares nacionais. Ontem, veio a público a decisão final do Cofen relativa aos egressos da obstetrícia da EACH. O Conselho não os reconhece como enfermeiros e recomenda que a USP Leste cancele imediatamente o vestibular para o curso.

"Não admitimos sucateamento da profissão de enfermeiro", diz Fabrício de Macedo, procurador do Cofen.

Edson Leite, vice-diretor da EACH, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, quando ainda não se conhecia o parecer final do órgão de classe sobre o curso, que a universidade "não poderia fechar os olhos para o destino dos alunos que estão fazendo o curso".

Dulce Maria Rosa Gualda, professora-titular da faculdade de enfermagem da USP e uma das formuladoras do curso de obstetrícia da EACH, considera "lamentável a USP ceder dessa forma vergonhosa à pressão corporativista do Cofen".

Ela cita pesquisas, como a divulgada pela Folha no último dia 24, nas quais 25% das mães dizem ter sofrido algum tipo de agressão no parto.

"Quando a questão do parto humanizado é tão urgente, como é possível que a universidade aceite extinguir um curso fundado exatamente para reverter esse cenário?"

Segundo a professora, já está provado que os cursos de enfermagem não dão conta de formar profissionais em número suficiente para a obstetrícia. "O certo seria ampliar a experiência da EACH, e não encerrá-la."

Para Edson Leite, "não dá mais para dizer que não interessa o parecer do conselho de classe". Segundo ele, as negociações para o Cofen reconhecer o curso da EACH deverão prosseguir. "Se for o caso, voltamos a oferecê-lo no vestibular de 2013."

O Portal da Enfermagem quer saber a sua opinião.
Precisamos de Obstetriz ou as atribuições devem ser do enfermeiro obstetra?

Carta da Abenfo SP em apoio ao curso de Obstetrícia

Aos associados e interessados,
A Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO) é uma entidade que acolhe as duas profissões - obstetrizes e enfermeiros obstetras - conforme assegura a sua denominação, além de enfermeiros que atuam nas áreas de saúde da mulher e do recém-nascido e repudia qualquer manifestação contrária ao Curso de Obstetrícia e seus egressos, ainda que assumidas em caráter pessoal por integrantes de sua Diretoria.  Acolher uma parte dos profissionais e renegar outra é uma violação ao Regimento da ABENFO, dado que uma das finalidades centrais da entidade é a defesa de seus associados. Sejam eles obstetrizes ou enfermeiros obstetras.
A ABENFO-SP e ABENFO NACIONAL vem a público relembrar os apoios aos egressos da EACH, prestados ao longo destes anos, como o Editorial em Boletim Informativo da entidade, em março de 2006 (Ano 10, n. 32), onde se destacava a criação do curso, e outro Editorial em junho de 2009 (Ano 13, n. 39), saudando os primeiros formandos e defendendo o trabalho colaborativo. Lembra a participação da associação em eventos realizados pelos alunos da EACH, sempre que solicitada e a participação de membros de sua Diretoria em negociações junto a Secretaria de Estado da Saúde por vagas para os egressos da EACH. E, finalmente, a realização em São Paulo, do III Fórum Nacional de Políticas de atuação de Enfermeiros e Obstetrizes na Assistência à Saúde da Mulher e do Neonato, onde se buscou pacificar o máximo de ABENFOs regionais que fosse possível, em momento tormentoso, onde as resistências aos egressos da EACH ganhavam manifestações vigorosas das ABENFOs de vários estados (Editorial - Boletim Informativo Ano 13, n. 40, outubro de 2009).
Assim, a ABENFO-SP reafirma seu alinhamento com todas as lutas dos profissionais da saúde e usuários pela qualificação da assistência ao parto e nascimento, seja no aprimoramento de modelos assistenciais mais adequados para a promoção da fisiologia da gestação e parto, seja na busca dos melhores modelos de formação profissional para o parto normal.
Atenciosamente,
A Diretoria

Disponível em: www.abenfosp.com.br

USP Leste vai discutir com Coren-SP o destino do curso de obstetrícia

Grupo de estudos recomendou a fusão do curso com o de enfermagem. Alunos temem a extinção e prometem protestar em frente à reitoria.

A direção da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), mais conhecida como USP Leste, vai reunir alunos e formados no curso de obstetrícia na próxima segunda-feira (28) na sede do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP), na Bela Vista. A intenção é buscar alternativas para o curso que corre o risco de ser fechado. Um relatório elaborado por um grupo de trabalho que cuida de revisão e remanejamento de vagas concluiu que a USP Leste deveria fechar 330 vagas do vestibular, e que o curso de obstetrícia (o único no país) deveria se fundir com o de enfermagem.

A decisão provocou revolta dos alunos de obstetrícia. Um protesto está previsto para a manhã desta quarta-feira (23) em frente à reitoria da USP. Desde a criação do curso, em 2005, junto com a inauguração do campus da USP na Zona Leste de São Paulo, os alunos de obstetrícia enfrentam dificuldades para o reconhecimento de sua formação profissional. Os formandos precisam de uma certificação especial dos conselhos de enfermagem para exercer a profissão, e muitas vezes só obtêm este registro com ações judiciais.
Em comunicado, a direção da universidade diz que “a avaliação permanente da graduação e a revisão dos cursos da EACH é absolutamente natural, indo de encontro às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade”. “A principal preocupação é com os egressos e com os alunos que estão cursando Obstetrícia. Se for necessária outra reformulação do curso, ela será feita”, afirmou Telma Zorn, pró-reitora de graduação.
Os alunos temem a extinção do curso de obstetrícia. Em comunicado que busca angariar assinaturas contra a extinção , os alunos destacam que “a formação específica de Obstetrícia capacita os profissionais para praticar uma atenção individualizada à mulher e à família, compreendendo-a em seus processos de gestação, parto e amamentação como fisiológico, mas também e igualmente importantes, como processos emocionais, sociais, culturais, espirituais e como sementes para um mundo melhor”.

 

terça-feira, 22 de março de 2011

Alunos protestam contra a possível suspensão de curso da USP Leste

Mariana Mandelli - O Estado de S. Paulo
Cerca de cem alunos protestaram nesta terça-feira, 22, contra a possível suspensão do curso de Obstetrícia do câmpus da zona leste da Universidade de São Paulo (USP), a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). O ato ocorreu em frente à reitoria, na Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste.

O protesto, pacífico, foi motivado por um relatório denominado Estudo das Potencialidades, Revisão e Remanejamento de Vagas nos Cursos de Graduação da EACH, que aponta uma redução de, no mínimo, dez vagas de cada um dos dez cursos da unidade. Em algumas carreiras, o número chegaria a 80, o que totalizaria uma redução de 330 vagas em toda a unidade. O estudo foi orientado pelo ex-reitor da USP Adolpho José Melfi.

No caso do curso de Obstetrícia, o documento propõe que haja uma fusão dele com a graduação em Enfermagem. O texto ainda propõe a suspensão do vestibular neste ano, enquanto a situação dos egressos – que não conseguem registro profissional – não for resolvida.

O grupo que protestou, formado majoritariamente por mulheres, usou bonecas e bexigas para simular gravidez e, com carro de som e microfone, defenderam a importância do curso para o desenvolvimento da saúde da mulher no Brasil.

“A USP deve assumir seu papel de inovação. A prioridade é manter o vestibular do curso”, afirma a professora Simone Diniz, da Faculdade de Saúde Pública da USP. “Recebemos a notícia com indignação. A USP está se intimidando diante de tudo isso.”

Durante o protesto, muitas alunas se emocionaram e choraram. Para algumas delas, a universidade está cedendo a “pressões corporativistas”. “O objetivo do nosso curso é a saúde da mulher e humanizar o parto, e não uma reserva de mercado qualquer”, diz Marina Alvarenga, de 23 anos, formada em 2008. Ela é da primeira turma de Obstetrícia. Se eu quisesse ser enfermeira obstetra, teria feito o curso de Enfermagem de uma vez. Nossa profissão existe, consta na lei”, reafirma Marina.

Anteontem, um grupo de quatro alunas do curso teve uma reunião com professores e a pró-reitora de graduação da universidade, Telma Zorn, para discutir o assunto. “Queríamos um posicionamento, porque entendemos que suspender o vestibular é o princípio do fim do curso”, afirma Mariana Gervásio, de 21 anos. “Nessa reunião, ficou claro para nós que a prioridade da USP é resolver a questão dos egressos. Eles não querem mais problemas ‘numéricos’”.

“Não só queremos manter o vestibular do curso como queremos mantê-lo na zona leste e com essas vagas. É o único curso do País, não dá para reduzir. Todas as universidades federais do Brasil deveriam ter, é uma demanda da sociedade”, diz a aluna Flavia Estevan, de 31 anos. “Acabar com o curso é assassinar a saúde brasileira. Queremos inclusive o posicionamento do governo em relação ao que está acontecendo com a gente”.

Segundo a USP, a decisão depende, antes de chegar aos colegiados superiores da universidade, da própria EACH, que deve analisar o relatório, discuti-lo e propor mudanças. A reunião com a pró-reitoria de graduação foi para discutir as principais questões do curso de Obstetrícia, que foi reformulado pela gestão no fim do ano passado.

Os alunos também estão se mobilizando na internet. No fim de semana, conseguiram colocar o assunto entre os mais comentados do Twitter. Há também um abaixo-assinado (http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/8452), que já tem cerca de 6 mil assinaturas.

Antes do encerramento do protesto, os alunos fizeram uma passeata pelo câmpus para tentar sensibilizar os alunos e funcionários, distribuindo panfletos e dando informações ao microfone.


http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alunos-protestam-contra-a-possivel-suspensao-de-curso-da-usp-leste,695784,0.htm

Obstetrícia da USP protesta contra fechamento do curso

Com barrigas de bexiga e bebês de verdade nascidos com auxílio de obstetrizes, alunos e professores tentam sensibilizar reitoria

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
Um grupo de cerca de 150 pessoas protestou contra o fim do curso de obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP) em frente à reitoria da instituição com barrigas de bexiga, bonecos e bebês de verdade. Eles tentam evitar o fim da carreira com a fusão da única graduação que forma parteiras do Brasil.
Na semana passada, um relatório final de um grupo de trabalho chefiado pelo ex-reitor da instituição, Adolpho Melfi, propôs o fechamento de 330 das 1.020 vagas atuais da USP Leste. O curso de Obstetrícia seria o mais afetado com a passagem das 60 vagas atuais para a Escola de Enfermagem, em Pinheiros.


De acordo com os autores do relatório, esta seria a solução por conta da falta de reconhecimento do profissional obstetriz pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que deveria certificar os formados. Por enquanto, apenas ex-alunos que recorreram à justiça conseguiram uma liminar na regional de São Paulo.
“Viemos para a frente da reitoria porque parece que eles não tem clareza de que este relatório foi feito sem a nossa participação”, disse a professora Ruth Osava. O documento diz que todos as sugestões foram dadas com base em reuniões com representantes de todos os cursos, mas segundo a docente, foi perguntado a eles apenas se havia algum problema. “Quando dissemos que havia essa pendência com o Cofen, era no sentido de buscarmos solução, jamais de fechar o curso que foi criado por uma necessidade do sistema de saúde brasileiro”, afirma.

A função seria a de humanizar o parto. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o recomendável é que apenas os 15% de partos que apresentam riscos à mulher ou à criança, sejam cesarianas. No Brasil, no entanto, 45% dos nascimentos na rede pública e até 90% na particular são cesáreas. Para as obstetrizes, a falta da parteira envia muitas mulheres para a sala de cirurgia desnecessariamente.
“Se eles fecharem o curso, estarão cometendo um erro histórico para a saúde da mulher brasileira”, disse a aluna Flavia Estevan, uma das que participou de uma reunião com o diretor da USP Leste, Jorge Boueri, e outra com a pró-reitora de Graduação da USP, Telma Zorn, sobre o relatório. “As decisões estão mais adiantadas do que parece”, lamentou.
Obstetrícia pode não estar no vestibular
Segundo ela, a pró-reitora reforçou que o relatório não era definitivo e teria dito que ainda não o leu, porém, soube que o Cofen emitiu parecer contra a certificação das obstetrizes. “Ela disse que estuda não incluir o curso no vestibular como forma de sinalizar para o Cofen que cedeu. Para mim, isso se chama jogar a toalha”, afirmou Flavia.
Chorando durante boa parte do protesto sua xará, Flávia Chiamba, aluna do 5º ano disse que as lágrimas eram pelas mães que não teriam direito a um parto humanizado se o curso fosse fechado. “É por mim, pelo curso, mas por todas as mulheres.”
Também participaram alunos de outras áreas e profissionais como a enfermeira obstetra Adriana Caroci, que foi à manifestação com o filho Felipe, nascido em casa com a ajuda de uma obstetriz há 6 meses. Ela conta que sempre quis ser parteira, mas como não havia o curso de obstetrícia, optou por enfermagem e só depois se especializou. “Foi injusto comigo ter que ver muito conteúdo que não era o que sempre busquei para só depois fazer um ano do que queria trabalhar. Também é injusto com as gestantes porque na especialização acompanhamos partos por algumas semanas enquanto na graduação, as alunas têm três semestres de acompanhamento de parto. É uma preparação muito maior”, disse.
Mais protestos e abaixo assinado
A estudante de Gestão de Políticas Públicas e diretora do Diretório Central Estudantil,  Mayara Ferreira disse que os protestos continuarão durante toda a semana. Na quarta, uma assembleia debaterá o tema na USP Leste e na quinta um grupo pretende ir a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde o reitor da USP, João Grandino Rodas, foi chamado a falar sobre outros questionamentos da universidade, como a recente demissão de funcionários.
“Vamos fazer isso com obstetrícia e com todos os cursos prejudicados”, disse. Deputados do PT receberam um grupo de alunos e já falam na criação de uma comissão só para tratar do assunto. Pela internet, um grupo mantém um abaixo-assinado online pela manutenção de obstetrícia que nesta terça-feira já contava mais de 5 mil assinaturas.
A diretoria da USP Leste informou que se reuniu com o Coren na segunda-feira e agendou para a próxima semana um encontro na sede da entidade com a presença de representantes de alunos, professores e o assessor técnico do conselho que também é pesidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Francisco Cordão.
A professora Elizabete Franco Cruz, penúltima a falar, disse que é favorável ao diálogo com o Cofen, mas não permitirá o questionamento da competência das obstetrizes. “Se alguém tiver dúvida disso, eu venho aqui dar uma aula em público para provar.”
Ninguém da reitoria deu atenção à manifestação que também não gerou conflitos. O último recado: “Pessoal, agora vamos marchar, dêem uma olhada se não ficou nenhuma bexiga estourada no chão”.


http://ultimosegundo.ig.com.br/obstetricia+da+usp+protesta+contra+fechamento+do+curso/n1238185117493.html

segunda-feira, 21 de março de 2011

Fusão do curso de Obstetrícia da USP significa fim da profissão

Grupo que sugeriu fechamento de 330 das 1.020 vagas da USP Leste, propõe que Obstetrícia passe para Escola de Enfermagem

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
Entre as conclusões do relatório que sugeriu o fechamento de 330 das atuais 1.020 vagas do campus Leste da Universidade de São Paulo (USP) causou maior polêmica a possível fusão do curso de Obstetrícia com Enfermagem. Para professores, alunos e formados, a decisão significaria o fim da profissão responsável pelo acompanhamento de partos de baixo risco e diminuição das cesarianas no País, já que o curso é o único do Brasil.

O relatório feito por um grupo de trabalho chefiado pelo ex-reitor e criador da USP Leste, Adolpho Melfi, reconhece a “função social” do curso, mas sugere que as 60 vagas atuais migrem para a Escola de Enfermagem da universidade, que fica em Pinheiros. A “fusão” dos cursos resolveria o problema da falta de reconhecimento do profissional por um órgão que o certifique.
A questão foi reforçada por comunicado da direção da unidade que admite buscar ajustes para “adequar algumas disciplinas de modo a contemplar o estudo do ser humano com conteúdos gerais, mais próximos aos cursos de enfermagem tradicionais, o que poderá levar à mudança na sua denominação”.
Fundado em 2005, o curso focado no cuidado da gestante e auxílio em partos naturais esperava respaldo do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) para certificar os profissionais, mas não conseguiu. Apenas alguns formandos, após batalhas judiciais, conseguiram um documento da regional de São Paulo que dá uma certificação provisória. “Não é picuinha. Simplesmente este profissional não existe para a gente, nós representamos os enfermeiros. Por que não pedem para o CRM (Conselho Regional de Medicina) uma certificação?”, diz o assessor legislativo do Cofen, Luiz Gustavo Muglia.
Para ele, a Obstetrícia deveria permanecer como especialização possível para profissionais da área de saúde, inclusive enfermeiros.
Protesto em frente à reitoria
Indignados, estudantes e docentes farão amanhã em frente à reitoria da USP, no Butantã, um ato para mostrar a importância social da profissão e esperam conseguir apoio dos colegas de outros cursos. Entre os dados mais importantes estão a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que apenas 15% dos partos realmente precisam de cesáreas, enquanto no Brasil a média é de 45% no sistema público de saúde e chega a 90% na rede particular. “O profissional que acompanha o parto de baixo risco certamente influenciaria neste porcentual”, diz a aluna do 3º ano Nathalia Rudel.
“É mais um profissional para compor a equipe que trabalha pela saúde da gestante”, defende Ana Cristina Duarte. Formada pela primeira turma do curso, ela é uma das que conseguiram por liminar a certificação e trabalha como obstetriz tanto em partos em casa quanto em hospitais. “Só trabalho sozinha em partos baixo risco, no restante formamos uma equipe de profissionais que tem feito sucesso na maior parte do mundo desenvolvido”, diz.

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